O Dezembro Vermelho é uma campanha nacional que chama a atenção para a prevenção e proteção dos direitos das pessoas com HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
De acordo com o relatório da UNAIDS, em 2021, cerca de 38 milhões de pessoas estavam vivendo com o HIV o mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, os casos chegaram a 920.000 no mesmo período.
Todos esses números revelam que a infecção pelo vírus é uma realidade alarmante.
Por isso, a importância da campanha e de conscientizar a população sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento para enfrentar o vírus e a doença.
Vamos entender melhor sobre isso? Continue a leitura deste artigo.
Contexto histórico do Dezembro Vermelho
No ano de 1988, seguindo orientações da Organização das Nações Unidas (ONU), o Ministério da Saúde definiu o 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta contra a AIDS.
Em 2017, o governo federal da época criou a Lei 13.504, que institui a Campanha Nacional de Prevenção ao HIV e à AIDS, movimento chamado popularmente de Dezembro Vermelho.
A cor simboliza a luta contra a doença e o respeito às pessoas soropositivas. Assim, a campanha existe para conscientizar as pessoas sobre o HIV, AIDS e outras ISTs e assegurar os direitos das pessoas infectadas.
Durante o mês, nossos estados se organizam para celebrar o Dezembro Vermelho e aumentar a ampliação da testagem de ISTs, maior acesso a autotestes e distribuição de camisinhas.
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos.
Sua transmissão ocorre por meio do contato sexual, seja ele oral, vaginal ou anal com uma pessoa que já esteja infectada. Raramente, ela também passa da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação.
Ainda que de forma menos comum, as ISTs também se transmitem pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas.
As ISTs podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos e verrugas anogenitais. Além deles, sintomas como dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas se manifestam em muitos casos.
São diversos os tipos de ISTs existentes, dentre eles, podemos citar os mais conhecidos:
- Herpes genital
- HIV
- Cancro mole (cancroide)
- HPV
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
- Donovanose
- Gonorreia e infecção por Clamídia
- Linfogranuloma venéreo (LGV)
- Sífilis
- Infecção pelo HTLV
- Tricomoníase
É importante ressaltar que algumas dessas ISTs podem não apresentar sinais e sintomas. Dessa forma, é necessário atenção para não causar grandes complicações, como infertilidade, câncer ou até morte.
A AIDS
A AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana, o HIV.
O vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças, assim, aumenta o risco de outras condições oportunistas.
As células mais atingidas pelo vírus HI são os linfócitos T CD4+. Ele é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo. Dessa forma, depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
Sintomas
Os sintomas da AIDS podem surgir até 10 anos após a contaminação com o HIV, mas também pode aparecer mais cedo. Dentre os principais, estão:
- Febre persistente;
- Tosse seca prolongada e garganta arranhada;
- Suores noturnos;
- Inchaço dos gânglios linfáticos durante mais de 3 meses;
- Dor de cabeça e dificuldade de concentração;
- Dor nos músculos e nas articulações;
- Cansaço, fadiga e perda de energia;
- Rápida perda de peso;
- Candidíase oral ou genital que não passa;
- Diarreia por mais de 1 mês, náusea e vômitos;
- Manchas avermelhadas e pequenas bolinhas vermelhas ou feridas na pele.
Diferenças entre HIV e AIDS
Muitas pessoas confundem o HIV e a AIDS, acreditando ser a mesma coisa.
O HIV, porém, é o vírus causador da AIDS, que pode entrar no corpo através do contato com sangue e/ou fluídos corporais de uma pessoa infectada.
Assim, a partir desse momento, a pessoa é considerada HIV positiva ou “soropositiva” e está suscetível a contaminar outras pessoas.
Já a AIDS é a complicação da doença e se trata do estágio mais avançado da infecção por HIV.
Transmissão
O vírus da AIDS, o HIV, é transmitido, principalmente, pelas relações sexuais desprotegidas, por isso é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível.
Compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com sangue da pessoa infectada também é uma forma de transmissão.
Outra via de transmissão possível é a vertical, ou seja, a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, na amamentação e, principalmente, no momento do parto.
Prevenção contra a AIDS e outras ISTs
Sem dúvida alguma, o sexo protegido, com o uso de preservativo, seja em relações sexuais orais, anais ou vaginais é o método mais eficaz de prevenção contra o vírus HIV e outras ISTs.
A prevenção combinada abrange o uso do preservativo masculino ou feminino, ações de prevenção, diagnóstico e tratamento das ISTs, testagem para HIV, sífilis e hepatites virais B e C, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização para HPV e hepatite B, prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, tratamento antirretroviral para todas as pessoas vivendo com HIV, redução de danos, entre outros.
Diagnóstico da AIDS
O diagnóstico precoce da sorologia positiva para o HIV aumenta bastante a expectativa e qualidade de vida de uma pessoa que vive com o vírus.
Ele é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral. Os exames laboratoriais e os testes rápidos, por exemplo, detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos.
Esses testes são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Assim, se você passou por uma situação de risco, como o sexo desprotegido, faça o teste anti-HIV. Os exames também são feitos de forma anônima.
Tratamento
O tratamento da AIDS deve ser iniciado assim que o vírus é diagnosticado. Assim, as chances de sucesso são maiores, já que impede a multiplicação do vírus no organismo.
Medicamentos antirretrovirais, como a lamivudina, tenofovir, dolutegravir e efavirenz, que são fornecidos gratuitamente pelo SUS e devem ser tomados de acordo com as orientações do médico geralmente são os mais indicados.
O HIV não tem cura, mas o tratamento adequado permite diminuir o impacto da infecção na vida da pessoa, podendo deixar o vírus indetectável e intransmissível no paciente.
Desafios da Comunidade
Além de conviver com a doença, pessoas com AIDS encaram, ainda, outro desafio: o preconceito.
A maioria das pessoas que vive com HIV e AIDS no Brasil já passou por pelo menos alguma situação de discriminação ao longo de suas vidas.
Ainda de acordo com a UNAIDS, oito de cada dez pessoas com o vírus HIV têm dificuldade em revelar que vivem com o vírus que pode causar a AIDS. A razão é, justamente, o estigma em torno da doença.
O preconceito é tanto que a discriminação é definida, inclusive, como crime, através da Lei n° 12.984, de 2014, com pena de prisão por 1 a 4 anos e multa.
A discriminação dificulta, ainda, acesso aos serviços de saúde, uma vez que, por vergonha, as pessoas se isolam e não vão em busca dos seus próprios direitos.
Pela Constituição brasileira, as pessoas vivendo com HIV, assim como todo e qualquer cidadão brasileiro, têm obrigações e direitos garantidos; entre eles, estão a dignidade humana e o acesso à saúde pública.
Dessa forma, precisamos, enquanto sociedade, denunciar os preconceitos, conscientizar a população acerca da doença e, inclusive, acolher as pessoas soropositivas. Faça sua parte!
A Magnus abraça e apoia a campanha Dezembro Vermelho, que existe com esse objetivo.
Conte conosco!